Boletim Nutrindo a Mudança – JULHO de 2022

Julho na ativa: Gente é prá brilhar junto com a Agricultura Familiar, não para morrer de fome!

Por Susana – C. P. C. A. P. V. e MUDA-SP

Enquanto o agronegócio destrói intensamente a natureza, sendo responsável, no último ano, por 97,8% do desmatamento em nosso país, como mostra o novo relatório feito pelo MapBiomas, a fome segue corroendo a vida de 33milhões de brasileirxs. Sim, commodities para exportação, com seus preços estabelecidos em dólares, engordam os bolsos da elite ruralista e das corporações internacionais e esvaziam a barriga da população de alimento e o nosso território. debiodiversidade.

Aliados do atual desgoverno, os empresários do Agro, como eles mesmos se definem, têm encontrado apoio para aprovar mudanças na legislação e favorecer uma exploração maior ainda da natureza, expandindo seus desertos verdes e seus pastos degradados por todos os nossos biomas. Em troca, ajudam a alavancar o macabro plano de reeleição que está em curso, votando a favor da PEC 01/2022, que permite a instituição do Estado de Emergência, dispensando o poder executivo deobservar o teto de gastos e jogando R$ 40 bilhões de reais em suas mãos para destinar a supostos benefícios sociais, como a ampliação do programa Auxílio Brasil.

Se esses recursos fossem mesmo utilizados, para gerar melhores condições de vida à imensa rede de pessoas em situação de insegurança alimentar do país, não estaria em curso uma medida que permite aos bancos fazer empréstimos consignados,cujo pagamento das prestações será descontado diretamente do auxílio governamental que elas recebem, cobrando altos jurose, tomando posse, desse modo, de uma verba que seria usada por elas para comprar comida. É o bolsa banqueiro mais uma vezsugando o Estado no Brasil.

Por isso é necessário denunciar o atual modelo produtivo do país, bem como as forças econômicas e políticas que o sustentam. A campanha Gente é Prá Brilhar, não para Morrer de Fome vem realizando, desde 2020, uma série de ações para se contrapor ao projeto genocida que o poder executivo e a elite agrofascista tentam emplacar, apontando não apenas osabusos que eles têm cometido, mas também os caminhos para mudar essa situação inaceitável e reconstruir nossa sociedadecom base em justiça social, solidariedade e integração com a natureza.

Este ano, com o agravamento da fome e da miséria, estamos organizando uma mobilização para celebrar o dia daAgricultura Familiar, definido como 25 de julho, pois sabemos que só ela pode alimentar com comida de verdade a nossa população. É ela quem planta os grãos, as raízes, os legumes e as frutas que nutrem brasileiros e brasileiras de norte a sul do Brasil. É ela quem cuida da terra e gera empregos no campo. E, infelizmente, é ela que vem sendo atacada pelo atual governo que, desde que assumiu o poder, promove a destruição das políticas públicas voltadas para o cultivo familiar e para a segurança alimentar e nutricional do país.

Não há nada que justifique a situação de fome que nosso povo vivencia. Temos um território fértil e uma agrobiodiversidade inigualável no mundo. E temos braços camponeses para cultivo com respeito ao solo e aos ciclos naturais.É preciso dar um basta em tanta ganância e exigir que a Agricultura Familiar seja valorizada, apoiada com programas governamentais e expandida através de uma política agrária contundente, capaz de democratizar o acesso à terra, àassistência técnica agroecológica e ao crédito, demodo a possibilitar a produção de comida saudável, livre de venenos e a valores acessíveis para toda a população.

Neste mês de julho, a Gente é Prá Brilhar realiza diversas ações para marcar a comemoração do dia da Agricultura Familiar. Uma delas está sendo realizada em parceria com a Raízes do Campo, iniciativa ligada a cooperativas agroecológicasque busca implantar um modelo de negócio mais justo, transparente e sustentável no setor da alimentação. Com eles, distribuiremos 30 toneladas de arroz orgânico, produzido por cooperativas agroecológicas, e destinado a mais de 150organizações sociais que atuam no enfrentamento à fome em diversos territórios dos estados de São Paulo, Paraná e Rio deJaneiro.

Fazem parte dessa rede, entre outras entidades, a Gastromotiva, a Mesa Solidária, a Quebrada Alimentada, a Casa do Povo e O Amor Agradece, bem como o Coletivo Banquetaço – que idealizou e coordenou as duas edições anteriores da Gente é praBrilhar. Milhares de famílias vão receber os pacotes de arroz em suas casas ou saborear uma quentinha feita com eles. É um alimento nutritivo e abençoado, pois é fruto de uma relação de cuidado com a natureza e de uma teia fraterna e justa de distribuição. Sabemos que chega em uma hora mais do que necessária e partilhamos com todxs a alegria de ter a oportunidade de realizar essa ação.

Mas, nós, enquanto rede e movimento de construção e de luta, renovamos o nosso compromisso de ir além da assistência alimentar momentânea e seguir na busca de soluções emancipatórias para a realização plena do Direito Humano à Alimentação segura e de qualidade para todos os povos que habitam nosso território.

Acompanhe nossas redes da @gente.prabrilhar nos próximos dias e colabore para que nossa campanha alcance mais e mais pessoas. Vamos virar a mesa de pratos vazios que maltrata nosso povo e compor uma mesa repleta de comida saborosa e nutritiva, cultivada amorosamente pelas famílias camponesas do nosso país.

Viva a Agricultura familiar! Viva a rede de solidariedade que segue trabalhando continuamente para levar alimento e esperança às mesas brasileiras! Porque Gente é Prá Brilhar, não para Morrer de Fome!

Saber Funcional

Babaçu é um fruto nativo do nordeste brasileiro que é rico em nutrientes e versátil na culinária

Por Valéria Paschoal – VP Consultoria Nutricional

Você já experimentou Babaçu? Ele é um fruto nativo do nordeste brasileiro e sua parte comestível é a polpa. Com ela, podemos fazer algumas preparações incríveis na nossa cozinha.

O babaçu apresenta inúmeras propriedades nutricionais e, em sua polpa, encontramos cálcio, potássio, magnésio, ferro e fósforo. Ele é constituído de amido, proteínas e lipídios, além de compostos bioativos, sendo ótimo para enriquecer a alimentação de quem deseja uma dieta saudável.

A melhor forma de consumir esse alimento é usar sua farinha do mesocarpo (polpa), que é rica em fibras, em receitas de bolos, pães e pudins, agregando valor nutricional, sabor e cor as preparações.

No Maranhão, Tocantins, Pará e Piauí, existe o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), umaorganização de mulheres guardiãs da floresta de babaçu, que lutam por direitos de acesso à terra e ao extrativismo do babaçu.Elas lutam por sua autonomia política e econômica, defendem seus direitos e seus territórios e a prática da agroecologia, sempre em busca de melhores condições de vida para elas e suas famílias. O MIQCB já levou produtos do babaçu a merendas escolares, hospitais, bancos de alimentos e outras instituições públicas.

Bolo de babaçu Ingredientes:

75g de manteiga

1 colher de sopa de mel

3 colheres de sopa de azeite

1 ovo

120g farinha de mesocarpo de babaçu 1 pitada de sal

1 pitada de gengibre em pó 1 boa pitada de canela

1 colher (chá) fermento químico

Modo de preparo: Refogue Coloque os 5 primeiros ingredientes em uma panela e aqueça até dissolver bem. Espere esfriar e acrescente o ovo e a água mexendo bem com um fouet. Acrescente os secos peneirados. Coloque em uma formauntada e enfarinhada e asse a 180°C até o palitinho sair limpo.

Já Mudou!

Coletivo Alimenta trabalha por comida boa, natureza protegida e negócios sustentáveis em SP!

Por MUDA e Coletivo Alimenta

Vale muito a pena conhecer um coletivo que chegou cheio de energia, trazendo um caminho inovador para São Paulo. Suas propostas são baseadas na profunda experiência em Agroecologia, adquirida por seus integrantes durante anos de atuação no setor, e buscam transformar o cenário agroalimentar e ambiental do estado, tão pouco cuidado nesses últimos tempos. Nós, do MUDA e das organizações parceiras neste boletim, conhecemos o trabalho sério e inspirador dessas mulheres e homens de fibra! Abaixo o que elxs nos contam:

Somos o Coletivo Alimenta SP, que se prepara para disputar a eleição de deputado estadual pelo Partido Verde. Nosso grupo reúne ativistas de diversas regiões do Estado que trabalham nas áreas de segurança alimentar (comida boa para todo mundo), segurança hídrica (água boa para todo mundo) e agroecologia (produção de alimentos aliada à proteção da natureza). Também queremos apoiar os negócios que realmente rumam para a sustentabilidade, pois construir a economia regenerativa é fundamental para o bem-estar das pessoas e para garantirmos a preservação dos ecossistemas.

Vamos fazer uma campanha lixo zero e vamos usar as oportunidades que surgirem nos próximos meses para compartilhar conhecimentos e fortalecer as pessoas e iniciativas relacionadas a esses temas. No nosso site colocamos um cardápio deoficinas que oferecemos presencialmente e online. É só chamar!

Projetos prioritários

  • Comida saudável para todos: Incentivar a criação e ampliação de restaurantes populares, cozinhas comunitárias e mercados populares de alimentos saudáveis, preferencialmente orgânicos.
  • Alimentação escolar maravilhosa: Contribuir para a melhoria da alimentação escolar oferecida pela rede estadual de ensino priorizando a crescente participação dos alimentos orgânicos e in natura e as compras de pequenos produtoresagroecológicos.
  • Apoio aos produtores agroecológicos e orgânicos: Apoiar todo tipo de agricultura orgânica, dos assentamentos do MST às empresas grandes que atuam com responsabilidade social e práticas regenerativas.
  • Mais hortas urbanas: Apoiar e disseminar a agricultura urbana em todas as suas formas: doméstica, comunitária, institucional, educacional e sobretudo
  • Soluções regenerativas para a natureza: Apoiar e disseminar a solução dos problemas ambientais por meio da agroecologia e agricultura
  • Viva o pequeno agricultor: Apoiar e defender os interesses dos agricultores
  • Demarcação já: Defender os direitos dos povos indígenas e a demarcação de seus territórios.
  • Preservação do meio ambiente: Defender as unidades de conservação (reservas florestais) dos municípios, do Estado de São Paulo e do Brasil.
  • Comida sem veneno: Articular para que o Plano Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica (PLEAPO) e a Política Estadual de Redução de Agrotóxicos (PERA) sejam aprovados e
  • Combate à fome Trabalhar pelo fortalecimento do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Consea-SP) e dos conselhos municipais.
  • Apoio aos negócios sustentáveis: Contribuir com a regulamentação das compras públicas de alimentos agroecológicos e com a construção da estratégia estadual de investimentos em negócios de impacto

Nós do Coletivo Alimenta SP estamos criando uma vaquinha para custear a nossa pré-campanha.

Você doa, fortalece o Coletivo Alimenta SP e contribui com as nossas propostas.

Vamos Mudar?

Movimentos sociais do campo, das águas e das florestas lançam campanha contra violência

Por MST e MPA

Reunidos entre os dias 18 e 19 de abril de 2022, em um Seminário em Brasília, diversas organizações populares,movimentos sociais e entidades dos povos do campo, das águas, das florestas e dos territórios urbanos discutiram a organização de uma frente de ação unificada contra a violência que assola essas populações e lançaram carta de denúncia e convocação à sociedade para se somar à campanha permanente contra a violência no campo, em defesa dos territórios e davida.

Ao todo, 33 organizações assinam a carta de repúdio contra o aumento da violência no campo, que tem se tornado estarrecedor durante o governo de Bolsonaro. Os dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), apontam que, “os assassinatos saltaram de um total de 20 em 2020, para 35 em 2021, representando um aumento de 75%. Dentre estes, destacam-se lideranças que atuam na defesa dos Direitos Humanos e da natureza”, afirma o documento.

A carta também denuncia que as populações mais atingidas pela violência no campo, foram os povos da ligados à luta pela terra e das águas e das florestas: “povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, posseiros e camponeses sem terra. É importante ressaltar que tanto o aumento da violência como o de número de assassinatos se deu na região da Amazônia Legal, evidenciando a violência inerente ao processo de expansão do capital”, denunciam.

Confira a carta na íntegra:

Campanha contra violência no campo – Em defesa dos povos do campo, das águas e das florestas

Nos dias 18 e 19 de abril de 2022, estiveram reunidas em Brasília, diversas organizações de povos do campo, das águas,das florestas e dos territórios urbanos para discutir uma frente de ação unificada contra a violência que assola essas populações.

Entre 2011 e 2015 foram registrados 6737 conflitos no campo, envolvendo mais de 3,5 milhões de pessoas. No períodoseguinte, de 2016 a 2021, esses números subiram para 10.384 conflitos atingindo 5,5 milhões de pessoas, em especial crianças, jovens e mulheres, confirmando que o impeachment da presidenta Dilma foi um golpe articulado entre setores do Estado e docapital, da mídia hegemônica e em particular ligado ao agronegócio. Os assassinatos saltaram de um total de 20 em 2020, para 35 em 2021, representando um aumento de 75%. Dentre estes, destacam-se lideranças que atuam na defesa dos Direitos Humanos e da natureza. Com relação ao trabalho escravo, houve aumento de 113% no número de pessoas resgatadas. Vale lembrar que esses dados, registrados pela CPT, são apenas os que tiveram visibilização nos dados oficiais ou mídia. Isso significa que a realidade é ainda muito mais dura. Essas situações se acirram a medida em que as políticas públicas e de fiscalização são desmontadas.

Com base nos dados da CPT, as populações que mais sofreram violência no campo foram, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, posseiros e camponeses sem terra. É importante ressaltar que tanto o aumento da violência como o de número de assassinatos se deu na região da Amazônia Legal, evidenciando a violência inerente ao processo de expansão do capital. Aterra e a natureza, bens comuns, convertida em mercadoria e submetidas à propriedade privada e à especulação, estão na origem de diversas formas de violência. Violências estas estruturadas historicamente na divisão de classes, no racismo e nopatriarcado.

Isso fica evidente quando vemos que empresários, grileiros, garimpeiros, fazendeiros, mineradoras e madeireiros e o próprio Estado são os maiores causadores de violência, segundo os dados da CPT. Importante destacar que a violência avança sobre territórios, mas também sobre a cultura e a espiritualidade dos povos do campo, das águas e das florestas, por meio do avanço de setores e igrejas, fundamentalistas, que usam práticas de racismo religioso. A violência se acirra com a impunidade e conivência do Estado, gerando aumento das milícias e pistolagem.

Mesmo com a pandemia e a violência, houve um aumento das ações de resistência. No último período ocorreram diversas ocupações de terra, retomada de territórios, mobilizações contra os despejos, manifestações em grandes capitais e também grandes mobilizações e campanhas contra a fome e em defesa da soberania alimentar, numa estratégia de solidariedade entre povos do campo e da cidade. Destacamos também as grandes mobilizações indígenas em todo o país contra os retrocessos.

No esteio desse processo de luta dos povos, enfrentar e superar a violência no campo se impõem como objetivo a partir da articulação e unidade das várias frentes de resistência e na defesa da vida.

Para tanto, as entidades aqui reunidas convocam toda a sociedade para uma campanha permanente contra a violência no campo, em defesa dos territórios e da vida.

Brotar é Precis

Os brotos são uma categoria de alimento em crescimento, mas com elevado valor nutricional!

Por Conceição Trucom – Doce Limão

Alguns críticos ao consumo de brotos alegam serem ricos em hormônios de crescimento, mas a proposta não é se entupirde brotos: seu consumo deve ser qualitativo, JAMAIS quantitativo. Germinados e brotos são alimentos classificados, segundo seu potencial de vitalização e regeneração, de alimentos BIOGÊNICOS. Ou seja, que estimulam o desenvolvimento e desabrochar da vida…

Comer brotos bem antes de se tornarem plantas completas pode aumentar consideravelmente certos níveis de nutrientes,disse Emily Ho, professora de nutrição e diretora do Instituto Linus Pauling da Oregon State University, em Corvallis. **

“Brotos de sementes de cinco a sete dias de idade podem muitas vezes oferecer mais benefícios nutricionais do que as plantas maduras”, disse a professora Ho, que é conhecida no campus como a “senhora dos brócolis” devido à sua pesquisa sobre os benefícios para a saúde dos brotos de brócolis.

Brotos de soja têm sido usados há muito tempo em pratos vegetarianos e asiáticos. Pessoas conscientes da boa saúde sãoatraídas pela infinidade de benefícios dos alimentos que foram previamente germinados e brotados.

Cereais, leguminosas e oleaginosas começam sua vida brotando de sementes que iniciam o processo de germinação quando expostos à umidade e temperatura modulada (18 a 250C) . Dentro de uma semana, muitas plantas brotadas estão prontas para comer antes que suas folhas se desenvolvam plenamente.

Os brotos, também chamados de micros-verdes são vegetais que podemos produzir em nossa casa, em microescala.

Os benefícios para a saúde dos brotos incluem a melhor digestão de seus carboidratos, proteínas e gorduras, ainda em estado iniciático. A germinação estimula a liberação de enzimas e vitaminas que ajudam a pré-digerir, na saúde intestinal e até aos sistemas excretores.

“A professora Ho explica que o broto não muda o perfil nutricional da planta, mas ajuda a liberar melhor os compostos benéficos.” Por exemplo, os alimentos vegetais contêm fitatos que se ligam a minerais como zinco, ferro e magnésio; e isso impede que esses minerais sejam absorvidos pelo organismo. Em pequenas doses estes fitatos agem como antioxidantes, mas em maiores concentrações não temos enzimas para os digerir. Contudo, no processo de germinação e brotação há uma redução destes fitatos, mas também são liberadas enzimas que permitem que os minerais sejam livremente absorvidos.

Sementes germinadas e brotadas têm mais vitamina C, vitaminas B e antioxidantes que se materializam durante o processo de brotação. “Você pode comer 50 xícaras de brócolis ou uma única xícara de brotos

Consumir brotos, que são densos em nutrientes seria especialmente útil para 09 de cada 10 adultos, que em geral não consomem quantidades adequadas de vegetais.

Algumas pessoas não gostam do sabor de brócolis, couve-flor, repolho ou outros vegetais crucíferos, que podem ter um sabor amargo por causa de seus produtos químicos vegetais benéficos que contêm enxofre. Mas os brotos destes vegetais têm um sabor ligeiramente doce.

Brotar sementes é um processo simples e barato, e tem pouco impacto ambiental. Aliás, devem ser cultivados em casa, dentro de casa ou no jardim e quintal, desde que protegidos de intempéries.

Brotos e verduras jovens adicionam cor, textura e sabores diversos em saladas, sanduíches e sopas.

Em aperitivos, sobremesas ou vitaminas.

Um alerta: os brotos em seu ambiente úmido pode ser o meio perfeito para crescerem fungos. Motivo pelo qual prefiro mil vezes os brotos produzidos na terra, onde esta umidade tem muito mais controle que aqueles produzidos na água ou no ar.

Crianças pequenas, idosos, gestantes e qualquer pessoa com um sistema imunológico enfraquecido devem evitar comer brotos crus ou mesmo levemente cozidos de qualquer tipo.

Para reduzir estes riscos sugiro a aquisição de sementes de boa qualidade e higienizá-las (antes de germinar e brotar) por 15 minutos com suco fresco de 1 limão diluído em 1 litro de água filtrada.

Prefiro produzir meus próprios brotos e evito comprar prontos justo para ter mais controle e segurança alimentar.

(**) KC Wright em American Heart Association News – 07 de junho de 2022

Semeando

Editais, novas campanhas, cursos agroecológicos, relatórios, vídeos e podcasts na agenda do mês Ações especiais:

  • Quer um Brasil livre da fome e da sede? É preciso construir coletivamente um caminho para que isso se torne realidadee um dos passos fundamentais é garantir que candidaturas comprometidas com a luta por Soberania Alimentar sejam eleitas nos pleitos de 2022. Conheça e apoie a campanha Eu Voto Contra Fome e Sede nas redes sociais: Instagram, Facebook, Twitter– Siga, curta, comente e compartilhe
  • Está aberto o edital para a seleção de projetos de estruturação de Farmácias Vivas, que visa contribuir para garantir o acesso de usuários do SUS a fitoterápicos com qualidade, segurança e eficácia, conforme a Política e o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF)
  • A Ecovila Bom Lugar promove uma vivência nas agroflorestas que crescem há seis anos no local. A orientação será de Clóvis Oliveira, integrante do MUDA e especialista em manejo agroflorestal. O evento acontece dias 23 e 24 de julho, há camping disponível e é solicitada a colaboração de 30,00 por dia/por pessoa para as refeições. Contatos: (13) 997776884 Richard ou (11) 967613878 Gisele.
  • Promovendo a alimentação saudável na escola e na comunidade é uma websérie com seis vídeos com cerca de 2minutos de duração cada, voltados ao público infanto-juvenil, e que tratam da alimentação saudável do campo à mesa. Pedro e Bia são os personagens principais que nos convidam a saber mais e refletir sobre os temas: amamentação, alimentação saudável, hortas nas escolas, agroecologia, consumo consciente e direito humano à água. É uma realização do Núcleo Rio Grande do Sul da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável
  • Um novo vídeo da campanha Doce Veneno, da ACT Promoção da Saúde e da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, já está no ar. A campanha tem como objetivo mostrar os malefícios para a saúde causados pelo consumo das bebidasaçucaradas e apontar para políticas públicas que podem colaborar na redução desse consumo, e, por consequência, na redução da prevalência das doenças associadas. Assine aqui a petição pela Cide Refrigerante e acesse outras peças da

Programas, webinars, lives e podcasts:

  • O instagram da VP Nutrição Funcional segue trazendo conteúdos sobre temas fundamentais da alimentação. Um dos últimos posts traz uma pesquisa recém-publicada que investigou hábitos alimentares de famílias com alto risco de desenvolver diabetes do tipo 2. Os resultados mostraram que a frequência das refeições em família está positivamente associada a melhores padrões de consumo alimentar. Veja mais aqui.
  • Quem acessa a conta Comida e Economia do Instagram se depara com temas não muito usuais nesse tipo de plataforma e, até por isso mesmo, o conteúdo é muito oportuno. O slogan do perfil é bem desafiador e não passa despercebido ao olhar das e dos Nutricionistas: “pensar a Comida para Repensar o Desenvolvimento”. A página aborda temas como “a norte-americanização do nosso padrão alimentar”; gourmetização em uma sociedade desigual; “a taxa de câmbio e o preço da cerveja”; dentre outros assuntos.

O conteúdo é de autoria de Valter Palmieri Jr., que é professor de economia e Doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas. Vale a pena seguir e refletir.

  • O podcast Prato Cheio, criado pelo O Joio e o Trigo – Jornalismo investigativo sobre alimentação, saúde e poder – já criou novos episódios! Confira o que mostra como as marcas de suplementos alimentares prometem resolver todos os tipos deproblemas com o simples uso de cápsulas, comprimidos e até mesmo balinhas. A equipe do Joio conversou com especialistas, consumidores e empresários do ramo, e investigou como funciona a regulamentação do setor.
  • A série de programas de vídeo De Olho na Resistência, criada pelo Observatório De Olho nos Ruralistas segue com novos episódios. Um dos últimos traz a questão: Ruralismo, agronegócio ou apenas “Agro”? Ela mostra como o caráter expansionista do latifúndio no Brasil se reproduz também no campo discursivo e conta como se deu a criação do termo “agronegócio”,forjado nos anos 1950, nas cadeiras da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, para definir todo o complexo agroquímico que surgia na Revolução No Brasil, ele ganhou aderência nos anos 2000, sob a liderança ideológica do ex-ministro Roberto Rodrigues e seus aliados. Participe do programa de assinaturas e ajude a financiar a imprensa independente. E não esqueça de seguir o observatório nas redes. Tem conteúdo de peso sempre!
  • Beka Munduruku guia o podcast Amazônia Invisível – ele traz uma história real de jornalismo investigativo que aborda os desafios e perigos que cercam a Amazônia brasileira. Dividida em dez episódios, a série apresenta um mosaico de vozes dos povos que habitam a floresta.

Publicações, vídeos e relatórios:

 

  • O relatório Os Financiadores da Boiada: como as multinacionais do agronegócio sustentam a bancada ruralista e patrocinam o desmonte socioambiental, elaborado pelo observatório De Olho nos Ruralistas, revela a participação direta demultinacionais no lobby ruralista; além de atuar em associaçõesque financiam o Instituto Pensar Agro, empresas como Bayer, Basf, Syngenta, JBS, Cargill e Nestlé mantiveram 278 reuniões com o alto escalão do governo Bolsonaro.
  • Material inédito produzido pela ACT Promoção da Saúde e pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), oDossiê Big Food: como a indústria interfere em políticas de alimentação apresenta oito casos emblemáticos e recentes deatuação sistemática de atores do setor privado com fins lucrativos contra políticas públicas decisivas de alimentação e nutrição. O documento, produzido por um grupo de pesquisadoras da área, é uma importante ferramenta capaz de identificar atores em comum, dar nomes às ações políticas corporativas para, enfim, proteger e tornar mais idôneas e legítimas as tomadas de decisão, a construção da agenda regulatória, a formulação, a implementação e a avaliação das políticas públicas.
  • O Documentário Pesticidas: a hipocrisia europeia, feito pelo Canal de Arte da França, denuncia o grau de contaminação dos agrotóxicos, na agricultura brasileira, e até na água potável, inclusive em grandes cidades como São Paulo. Tudo para que meia dúzia de transnacionais tenham seus lucros cada vez maiores. Assista e divulgue.
  • A Mercy For Animals acabou de lançar o trailer do documentário Exportação Vergonha. O filme, narrado pela ativistaLuisa Mell, revela imagens inéditas e entrevistas exclusivas sobre o que está por trás dessa terrível atividade. Não deixe deassinar a petição que pede ao Congresso para banir a exportação de animais vivos no Brasil.
  • Um estudo, realizado por pesquisadores da Universidade do Oeste do Paraná e da Universidade Harvard, dos EUA, acaba de ser publicado na Environment International e revela a presença de níveis elevados de 11 agrotóxicos na água que abastece 127 cidades produtoras de grãos no oeste do Paraná, onde vivem mais de 5 milhões de pessoas. Ele aponta que essa contaminação está associada a mais de 500 casos de câncer, diagnosticados em moradores da região, dentro de um período que vai de 2017 a 2019.
  • O Observatório da Alimentação Escolar (ÓAÊ) elaborou uma carta de compromissos destinada a eleitoras/es e candidatas/os nos âmbitos federal e estadual, contendo propostas que podem ser implantadas para garantir o direito de toda e todo estudante a se alimentar adequadamente.
  • O desmatamento cresceu em todos os seis biomas brasileiros em Ao todo, o país perdeu 16.557 km2 de cobertura de vegetação nativa, um aumento de 20% em relação ao ano anterior. Os dados constam na 3ª edição do Relatório Anual de Desmatamento no Brasil (RAD) do MapBiomas, que foi lançado no dia 18 de julho. A área é equivalente ao estado do Rio de Janeiro. A cada segundo, 18 árvores foram derrubadas no país. O agronegócio é responsável por cerca de 98% da destruição de mata nativa, sendo que a Amazônia é o bioma mais desmatado, com perda de 26 mil km² no período.Entre os estados, o Pará é o recordista.
  • O projeto Crescer e Aprender com Comida de Verdade lançou uma coleção de cinco títulos para contar a história do Pnae e explicar seus fundamentos e diretrizes, compilando, ainda, os aprendizados trazidos pelas reuniões, conversas, articulações, levantamentos e entrevistas. Também confira a live realizada com o Instituto Desiderata sobre a formação de hábitos alimentares saudáveis, a realidade da alimentação escolar e o que os adolescentes comem fora desse ambiente.
  • Estudo feito em 10 creches urbanas de duas cidades da Finlândia analisou como o contato com terra, frutinhas e flores em canteiros instalados fortaleceram a imunidade das crianças. Em 28 dias, pesquisadores perceberam mudanças na microbiota da pele, do intestino, nos marcadores imunológicos do sangue da criançada. Os resultados sugerem que a intervenção na biodiversidade fortalece o sistema imunológico e dá um incentivo para futuras abordagens profiláticas com o objetivo de reduzir o risco de doenças imunomediadas urbanas causadas pelo baixo contato com biodiversidade nas cidades. Saiba mais: “Biodiversity intervention enhances immune regulation and health-associated commensal microbiota among daycare children” – Science Advances: https://bit.ly/2IgUpFd ; “Creches na Finlândia construíram um ‘piso de floresta’ e mudou o sistema imunológico das crianças”- Revista Saber e Saúde: https://bit.ly/3k0lFVO
  • A Revista Casa Comum está no ar com uma edição de lançamento incrível! Ela é um projeto de comunicaçãomultiplataforma de iniciativa do Sefras – Ação Social Franciscana, com coordenação editorial do Estúdio Cais – Projetos de Interesse Público, em articulação com uma série de coalizões, movimentos e coletivos que atuam no país.

Matérias, artigos e entrevistas:

  • Em entrevista ao o joio e o trigo, a nutricionista Daniela Frozi analisa os impactos do desmonte de políticas públicas paraa agricultura familiar e dos espaços de participação Ela também ressalta que os impactos socioeconômicos da pandemia foram mais graves no Brasil do que em outros países do G20 e afirma que nosso país precisaria de uma CPI da Fome.
  • Foi publicado na revista Plants, no mês de fevereiro, importante artigo intitulado Fluxo transgênico: desafios da conservação de milho crioulo no Semiárido brasileiro. Ele discute resultados já alcançados no projeto Agrobiodiversidade noSemiárido/InovaSocial e no Programa Sementes do Semiárido, envolvendo a Embrapa, a Articulação do Semiárido Brasileiro e agricultores da região. Foram realizados testes de transgenia em cerca de mil amostras de variedades de milho crioulo, evidenciando a contaminação por proteínas geneticamente modificadas em mais de 30% dos lotes avaliados.
  • O artigo Por trás da inflação, as empresas vampiras, mostra como megacorporações de quatro setores – farmacêutico,petroleiro, agronegócio e Big Tech – dobraram fortunas na Seus lucros são o que mais pesa na disparada dos preços.Freá-las requer tributos e quebra de patentes e monopólios.

Novidades e dicas:

  • Está no ar a nova página do Agroecologia em Rede, reunindo mais de mil experiências em agroecologia no Brasil e na América Latina, além das memórias gráficas dos Encontros e Congressos de Agroecologia, a plataforma conta também com um banco de dados organizado por filtros, mapas e panoramas.
  • Realizado desde 2015, o projeto Arte e Sabor é um programa de formação para cozinheiras(os), merendeiras(os) e nutricionistas da rede pública de ensino dos municípios participantes. O objetivo é oferecer uma formação voltada às dimensões culturais, estéticas e afetivas ligadas ao alimento, aprimorando seus conhecimentos e técnicas culinárias. O projeto proporciona encontros multidisciplinares com especialistas das mais diversas áreas – artistas, educadores e chefs de cozinha –, além de visitas a instituições de Confira um pouco do que rolou na edição de 2022, que foi híbrido, com ações em vídeo, digitais e presenciais, sob a curadoria de Júlia Cavazzini.
  • Estreou, no dia 9 de julho, o minidocumentário Do Quilombo pra Favela – Alimento para a Resistência Negra. O filme conta a história de união e solidariedade entre os quilombolas do Vale do Ribeira (SP) e famílias de periferias de São Paulo através da alimentação orgânica e de qualidade. Das roças quilombolas, saíram 332 toneladas de carás, palmitos, mandiocas, bananas e muito mais, que ajudaram a aliviar os impactos da pandemia de Covid-19 para quem mais precisava.

Formação:

  • A 6ª edição do curso online e ao vivo – Agricultura Urbana – Cultivo de alimentos agroecológicos em casa, realizada peloArboreSer, vai começar no dia 18 de julho de 2022. Que tal transformar sua casa em um espaço mais produtivo, colorido, resiliente e cheio de biodiversidade? São 4 aulas ao vivo via plataforma ZOOM – caso você não possa estar presente, será enviado o link com a gravação de todas as aulas por tempo permanente. Mais informações, através do WhatsApp: 011 98328-8825 ou E-mail: arboreser@gmail.com
  • A Rede Neperma Brasil ofertará a 2ª edição do curso de extensão de “Fundamentos de Permacultura”, totalmente on-line e com encontros ao vivo para diálogos nas quartas-feiras das 20 as 21h. As inscrições em fluxo contínuo podem ser realizadas a partir do dia 27 de julho pelo site Inscrições UFSC. O curso é totalmente gratuito e terá início a partir do momento em que você realizar a inscrição. As atividades serão realizadas pelo Ambiente Virtual de Aprendizagem da UFSC e incluem textos, videoaulas assíncronas e diálogos com permacultores.
  • A atividade de formação Hortas comunitárias: potencialidades para a segurança alimentar e nutricional irá ser realizadano dia 28/7, às 18 É organizada pela CRSANS capital, Comissão Regional de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável. Inscrição para emissão de certificado neste link. Também haverá transmissão pelo Youtube.

CSAção

Situação no Sri Lanka, país sob grave crise econômica, traz reflexões sobre o modelo produtivo

Por Daniel Pestana Mota, diretor presidente da Associação Comunitária CSA Brasil

A renúncia do presidente do Sri Lanka e a grave crise econômica que o país atravessa foram manchetes no mundo todo.

Uma das promessas do governo de Gotabaya Rajapaksa, a eliminação da produção de alimentos não orgânicos, num prazo de dez anos, rapidamente transformou-se num pesadelo. A proibição do uso de fertilizantes de países estrangeiros foi um tiro no pé, levando uma redução da produção de alimentos, gerando escassez e inflação. O exemplo, especificamente nesta área, nos remete a uma questão fundamental: o caráter totalizante do modo de produção capitalista por meio de seu principalmecanismo de reprodução – a acumulação, agora maximizada, a apropriação desta acumulação, por meio da circulação demercadorias.

É que sendo a terra e os alimentos mera expressão mercadológica, a maximização da produção destes últimos vem sendo experimentada desde o fim da segunda guerra, com uso intensivo de químicos. Os saltos dos índices de produção foram tamanhos, a ponto de passar a ser utilizada, desde então, a expressão revolução verde. Uma autêntica revolução nos modos de se produzir alimentos e de se tratar a terra foi posta em marcha, globalmente, desde o final da década de quarenta, e qualquer tentativa de desestabilizá-la, como fez o presidente do Sri Lanka, certamente estará fadada ao insucesso.

E o que fazer, então, quando sabemos o real significado de se tratar a terra e a produção de alimentos como mais uma mercadoria? É preciso que pensemos numa política de conscientização a ser experimentada em escala artesanal, vinda de baixo para cima, com pequenos grupos de consumidores apoiando igualmente pequenos empreendimentos, colaborativos e cooperativos, de pessoas que cultivam a terra não como negócio, mas como ato de proteção ao que ainda nos emerge como mais sagrado. E criando, através deste convívio, espaços de relacionamento onde o interesse recíproco pelo outro possa servalorizado.

Uma mudança nos paradigmas que até hoje embasam a agricultura só pode ser feita nesta escala, onde processos bem delimitados complementariam ações de políticas públicas que pensem, paulatinamente, na formação de cuidadores da agricultura, autênticos agricultores que saberão tratar a terra não mais como um espaço de simples produção de mercadorias, onde a maximização da produção e a acumulação de seus resultados sejam o mote.

Tarefa deste porte exige ações iniciadas já na infância, alterando-se drasticamente, por exemplo, as grades curriculares da educação básica, tudo para que o ser humano, desde cedo, aprenda não apenas o conceito amplo de natureza, mas tambémse prepare para a defesa do meio ambiente sabendo identificar as práticas que aniquilam a vida prometendo aprimorá-la.

Enquanto essa mudança não vem, cada um de nós pode se tornar um educador encarregado de transmitir, aos mais jovens, a certeza de que é possível ver, sentir e fazer diferente.

Cuidado: Veneno!

De Olho nos Ruralistas e O Joio e O Trigo lançam projeto Brasil sem Veneno. Debate será no dia 23

Por equipe De Olho nos Ruralistas

Mapeamento sobre impactos dos agrotóxicos e resistências ao uso de pesticidas será lançado durante debates em São Paulo, Belém e Rio de Janeiro; série de reportagens detalha perseguição a pesquisadores e iniciativas políticas contra venenos

Em 2018, após denunciar assédio moral, censura e perseguição à sua produção científica, o engenheiro agrônomo Vicente Almeida foi demitido por justa causa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Em 2019, a pesquisadora do Instituto Butantan Mônica Lopes Ferreira foi perseguida após realizar um experimento que contestou o conceito de “dose segura” de agrotóxicos aplicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Em resposta, ela organizou um levantamento que reúne 51 estudos brasileiros dos últimos seis anos que trazem evidências sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde humana. O trabalho, intitulado “Os impactos dos agrotóxicos na saúdehumana nos últimos seis anos no Brasil”, foi publicado em março deste ano em uma revista científica internacional de pesquisaambiental e saúde pública. São estudos realizados por cientistas em 27 instituições de ensino e pesquisa brasileiros. Eles foram revisados por pares e também publicados em revistas científicas.

As histórias desses e de outros pesquisadores ameaçados após revelarem os impactos ambientais, sociais e de saúde provocados pelos agrotóxicos serão contadas em reportagens do especial Brasil sem Veneno, uma parceria de O Joio e O Trigo com o observatório De Olho nos Ruralistas.

Ao longo das próximas semanas, iremos publicar uma série de investigações sobre agrotóxicos: um mapa do corpo humano com os impactos à saúde causados pelos pesticidas, histórias de perseguições a pesquisadores e um mapeamento inédito dos movimentos de resistência e iniciativas legislativas contra os venenos em todo o país.

O projeto será lançado com a realização de debates em três estados. O primeiro, em São Paulo (SP), será no próximo sábado, dia 23/7, no Armazém do Campo, mercearia que comercializa produtos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Na sequência, o conteúdo será apresentado durante o X Fórum Social Pan-Amazônico (FOSPA), no painel “Brasil envenenado – agrotóxicos e seus impactos socioambientais”, organizado pela Fundação Heinrich Böll no dia 29/7, às 16h, em Belém (PA). Por último, no dia 30/7, estaremos no Rio de Janeiro (RJ), para um debate no Raízes do Brasil, às 14h30.

O projeto Brasil Sem Veneno é fruto da parceria entre dois dos principais veículos da imprensa independente na atualidade. Em setembro de 2021, as equipes editoriais de O Joio e o Trigo e do observatório De Olho nos Ruralistas iniciaram um amplo levantamento sobre as múltiplas formas de resistências aos agrotóxicos no Brasil, que abrangem desde a pesquisa acadêmica e a denúncia de pesquisadores alvos de perseguição até a articulação de movimentos sociais e políticos que tentamconter o uso indiscriminado de venenos no campo.

A ideia de um mapeamento extensivo dos impactos da utilização em massa de agrotóxicos pelo agronegócio e das resistências a este modelo destrutivo surgiu em 2019, a partir da articulação entre O Joio e o Trigo e De Olho nos Ruralistas com atores da sociedade civil, como a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida e o Slow Food Brasil.

O projeto foi um dos vencedores do edital “Chamada para apresentação de propostas para construção de estratégias de incidência sobre agrotóxicos no Brasil”, coordenado pela Fundação Heinrich Böll e que premiou outros dez projetos sobre otema.

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